Resumo:
O presente artigo busca traçar um panorama futuro do relacionamento
professor-aluno dentro da sala de aula com o uso da tecnologia e da Internet
do futuro. Resumen: En el presente artículo
se busca trazar un panorama futuro de la relación profesor-alumno
en el ambiente de una clase con el uso de la tecnología y de la
Internet del futuro. Abstract: The present article
searchs to inside trace a future panorama of the relationship professor-pupil
in the classroom with the use of the technology and the Internet of the
future. A Sala de Aula do Futuro Imaginemos um cenário tecnológico
de um futuro que cada vez se aproxima mais, onde todas as tecnologias
que conhecemos hoje – no ano de 2003 – estejam completamente
desenvolvidas, aprimoradas e o mais importante: totalmente integradas.
Neste futuro, o mundo tecnológico será totalmente moldado
por cenários digitais abrangendo a sociedade e as instituições
como um todo, e dentro deste todo estão as instituições
de ensino. Aumentando um pouco mais o foco, chegamos à sala de
aula que, até hoje, tem sido o principal palco da troca ou repasse
de conhecimentos entre as gerações. A relação
docente-discente, embora cercada de diversos aparatos, ainda é
a melhor e principal maneira de disseminar o conhecimento dentro de qualquer
tipo de escola. Por mais que no futuro as tecnologias venham a permitir
que a relação entre docente e discente seja menos prioritária,
ela ainda será essencial para cursos do ensino fundamental, médio
e de graduação. Porém, com certeza, o avanço
dessas tecnologias existentes hoje, muitas ainda embrionárias,
terão um grande impacto sobre a relação professor/aluno
e vice-versa. Vamos tentar analisar um pouco do que essas novas tecnologias
poderão trazer de positivo nessa relação. As tecnologias de hoje e o futuro Para podermos entender como será a relação entre professor-aluno na sala de aula do futuro, precisamos antes entender o modo como lidaremos com as atuais tecnologias no futuro. Internet: a nossa futura relação com a Internet será muito mais abrangente que hoje, ela reunirá de uma forma muito ampla e interativa praticamente todas as mídias hoje existentes, tais como a televisão, o rádio e outras. As conexões com a rede mundial serão algo muito corriqueiro, não precisaremos mais nos preocupar com modems, linhas telefônicas, drivers de instalação e protocolos de conexão. Conectar um computador e diversos aparelhos eletrônicos à Internet, será como ligar um secador de cabelos na tomada, e pronto, ele já estará acessando a rede mundial. Quando nos referimos a aparelhos eletrônicos, estamos pensando nos mais diversos eletrodomésticos, tais como geladeira, microondas, televisão, DVD e muitos outros, além dos próprios computadores. No futuro, todos os aparelhos serão equipados com poderosos chips e uma vasta memória. Serão, provavelmente, mais poderosos que os microcomputadores que usamos hoje. Esses aparelhos terão conexão com a rede mundial e diversas funções avançadas, de modo que poderemos, por exemplo, programar a geladeira para comprar leite on-delivery na padaria via-internet assim que ele estiver acabando. Poderemos programar remotamente os nossos DVDs para que gravem um programa que será exibido ao vivo, além de muitas outras funções que não cabe aqui ficarmos especulando. A Internet será toda interligada por cabos de fibra ótica, com uma largura de banda enorme, o que possibilitará trafegar informações nunca antes imaginadas, dentre elas, o vídeo de alta-resolução . Poderemos assistir, via Internet, filmes com qualidade de cinema, programas transmitidos com tecnologia 100% digital em real-time , algo que nas conexões atuais, baseadas no padrão ADSL/ISDN , é totalmente inviável. Essa “nova” Internet, baseada na fibra ótica, já está em implementação em nossos dias, sendo chamada de Internet 2, e já está interligando diversos provedores nos Estados Unidos e Europa. É apenas uma questão de tempo para que ela comece a se expandir ao redor do mundo e alcance nossos lares, escolas e até às nossas casas de praia. Cartões magnéticos, papel-moeda,
celular e palms: uma outra tecnologia que ainda irá crescer
muito será a dos palm-tops, ou simplesmente palms, também
conhecidos como micros de bolso. Os palms hoje em dia são utilizados,
basicamente, como agenda, catálogo de endereço e bloco de
notas. Os modelos mais avançados possuem alguns aplicativos de
texto, planilhas e conexão com a Internet. No futuro, esses pequenos
aparelhos irão crescer muito no que tange à tecnologia e
ao seu uso cotidiano pelas pessoas. Os palms irão englobar praticamente
tudo que carregamos nos bolsos, muitos também funcionarão
como telefone celular, mas a função principal que irá
alavancar de vez os palms como ferramenta indispensável para as
pessoas será a substituição do papel-moeda pelo bits-moeda
. Hoje, a maior parte do dinheiro existente no mundo só existe
na forma digital – apenas números contidos em bancos de dados
nos computadores das instituições financeiras. Não
será de se estranhar que, num futuro bem próximo, iremos
também lidar com o dinheiro na forma digital. Os palms serão,
além de nossa agenda e celular, a nossa carteira, irão conter
todos os nossos cartões de banco, crédito, farmácia,
clubes e, também, o nosso dinheiro. Para pagarmos uma conta ou
comprarmos um produto, bastará transferir o dinheiro digital de
nossos palms para a conta do credor. A possibilidade de sermos “roubados
virtualmente” será praticamente nula, pois os nossos palms
serão protegidos por senhas e poderosos sistemas de criptografia
tais que, somente seu dono terá a chave para acessar os dados nele
contido. Essa chave poderá ser na forma de dígitos, de assinatura
digital (utilizando uma caneta ótica), ou mesmo através
das nossas impressões digitais (utilizando um monitor touch-screen
). Mais que tudo isso, a capacidade de armazenamento de dados dos palms
será imensa: neles poderemos ter inúmeros documentos, fotografias
e arquivos diversos armazenados, eles poderão se conectar à
Internet e/ou à outros computadores através de um único
cabo ou mesmo por uma conexão wireless , assim como os celulares
de hoje que possuem acesso à Internet. Porém o acesso dos
palms também será de banda larga, com uma capacidade de
transmissão semelhante à de qualquer computador. Esses palms
provavelmente também poderão transmitir imagens em alta
resolução, bater fotos e fazer filmes digitais. Dependendo
do modelo, os palms poderão conter praticamente tudo que encontramos
nos micros convencionais atualmente. Enfim, os Computadores: se a Internet, os nossos micros de bolso e os telefones se tornarão muito mais avançados e dinâmicos, o que dizer dos computadores? Talvez eles nem mais existam na forma como existem hoje. Imagino que a parte principal do nosso computador de casa estará embutida atrás de alguma parede e teremos diversos terminais espalhados pela casa, com múltiplas funções. Com certeza teremos no mínimo um terminal com um teclado e monitor para trabalharmos. Nesse terminal, bastará apertar um botão e, em questão de milionésimos de segundo, o sistema já estará pronto na tela para ser operado, como na TV hoje em dia - afinal não precisamos esperar a TV “carregar”, basta ligá-la que a imagem já aparece. Mais um clique, a entrada de uma chave de segurança, outro milionésimo de segundo e já se estará na Internet. Ainda teremos diversos outros terminais pela casa: em nossa TV, no rádio, na geladeira, talvez um telão no quarto das crianças, um terminal dedicado apenas para jogos, mas que, com apenas alguns comandos, torna-se uma poderosa ferramenta de trabalho. Provavelmente todos os eletrodomésticos serão providos de chips e conexões com a CPU central da casa e, por conseqüência, estarão também conectados à Internet. Talvez você tenha uma sala de TV com um telão onde assistirá filmes e programas que estarão disponíveis na rede mundial. Você poderá receber um aviso na tela que alguém está lhe chamando pelo videofone e, estando perfeitamente acomodado em sua poltrona, você não quer caminhar até seu aparelho de videofone que está na sala ao lado. Com um comando, que poderá até mesmo ser através da sua voz, você atende a chamada ali mesmo no telão de sua TV, porém nesta sala não há câmeras, então o interlocutor de sua chamada não terá como ver a sua imagem. O micro de sua casa perceberá isso e substituirá a imagem que deveria vir de seu videofone por outra imagem sua previamente armazenada. Mais do que um poderoso equipamento, o computador do futuro será cada vez mais poderoso em inteligência e processamento de dados, já que, em termos de software, não há limite para o que se pode fazer. O que foi descrito acima é apenas um exemplo de como os computadores estarão presentes em nossa vida. Protótipos de casas e escritórios inteligentes já existem, e alguns já estão até mesmo sendo implementados, mas há ainda muita coisa por vir. Ainda precisamos de hardwares e softwares mais potentes e baratos, para chegarmos perto e depois, ir além do cenário descrito acima. Acreditamos, porém, que tudo isso, um dia, será realidade. É apenas uma questão de tempo para que esse mundo digital venha à tona e, temos certeza, isso não será algo que apenas nossos netos irão vivenciar, espero em breve poder falar no videofone, fazer compras utilizando um micro de bolso e assistir filmes em alta resolução sem ter que sair de casa para ir ao cinema ou mesmo à locadora, e como professor, dar aulas na sala de aula do futuro. As salas de aula do futuro no presente Nos dias de hoje, já existem muitas salas de aula que utilizam tecnologia de ponta no ensino, como por exemplo, a intitulada Sala de Aula do Futuro, da Universidade Paulista -UNIP. Nessa sala de aula, alunos e professores contam com cerca de 30 microcomputadores conectados em rede através de um servidor próprio com acesso à Internet. A sala possui um telão com projetor próprio (que pode ser conectado a qualquer microcomputador da sala, funcionando também como datashow) e está equipada para conferência interativa. O professor possui também um recurso de rede, com o qual ele pode controlar os microcomputadores dos alunos, de modo que estes só podem ver em seus monitores, o que se passa no monitor do micro do professor - uma maneira de prender a atenção dos alunos ou, no mínimo, evitar que eles se dispersem da aula navegando na Internet. Com o servidor, os alunos podem simular o trabalho com configuração de servidores Web, conexões remotas e trabalho em rede, muito utilizado nos cursos ligados à área da Informática que são ministrados pela Universidade. Com o equipamento de conferência, os alunos podem assistir a palestras/conferências e/ou aulas transmitidas via Internet ou via satélite. Um pequeno aparelho conectado a cada microcomputador da sala permite ao aluno interagir com o professor/palestrante, chamando sua atenção e formulando perguntas. No caso de teleconferência, a interação pode ser com transmissão de voz: o aluno utiliza um fone para formular a pergunta que é transmitida, via Internet, para o local de onde está sendo gerada a teleconferência, ou mesmo por telefone, fax e e-mail. Se a conferência for via Internet, é utilizado o e-mail para interação com o palestrante ou mesmo uma sala de chat na Web. Em ambos os casos, quem está na sala de aula pode assistir e interagir com um professor/palestrante, que pode estar em qualquer ponto do planeta. Uma outra sala de aula futurística, também ligada á mesma Instituição, só que atendendo ao ensino médio – o Colégio Objetivo – traz para seus alunos e professores o recurso de imagem em três dimensões . A sala de aula, montada sobre um caminhão, possui recursos semelhantes aos simuladores de vôo utilizados para treino de pilotos de avião, com pistões e válvulas hidráulicas. Dentro do caminhão, espelhos, luzes, um telão conectado a um computador e diversos óculos 3D (semelhantes àqueles utilizados no cinema). Tal tecnologia permite ao professor exibir vídeos em 3 dimensões para os alunos, aliados aos efeitos físicos que o simulador montado no caminhão permite. Desse modo, o professor pode passar um vídeo que retrate a força de atrito de um carro em uma curva e demonstrá-la fisicamente aos alunos – excelente para as aulas de física. No Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, salas de aula estão sendo equipadas com lousas digitais – uma tela com recurso touch-screen. O professor escreve na lousa com uma caneta ótica, como se faria com o giz no quadro negro. Esta lousa digital é comandada por um computador conectado em rede aos computadores dos alunos. Essa rede permite aos alunos salvarem as anotações do professor em seus micros e, a este, visualizar o que se passa nos micros dos alunos. A lousa digital também serve como data-show, já que permite ao professor exibir qualquer recurso de seu micro ou de seus alunos, tais como vídeos, Internet ou uma simples apresentação de slides. Em experiência inédita no Brasil,
a FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança, Saúde e Medicina no Trabalho, realizou, no ano
de 2002, os primeiros cursos utilizando Teleconferência Interativa
– via satélite – com um sistema de avaliação
on-line. Tal tecnologia permitiu a FUNDACENTRO reciclar trabalhadores
por diversas unidades descentralizadas em todo o país. Um aparelho
parecido com um controle remoto permite ao aluno responder questões
feitas pelo professor e este receber as respostas dos alunos imediatamente.
O projeto, realizado de forma experimental, foi amplamente aprovado, esperando-se
que em 2003, seja mantido pela Instituição. Hoje já são comuns professores que lançam mão de computador (com seus mais diversos softwares e aplicativos), videocassete/DVD, datashow, pesquisa na Internet e diversos outros aparatos tecnológicos para fundamentarem seus cursos e formar a sua didática. Cursos e treinamentos à distância estão sendo largamente implementados para ampliar o alcance do ensino, vencendo as barreiras geográficas e também, o que é muito importante, para atualização dos professores, alunos e profissionais em suas áreas de atuação. A grande diferença que separa as inovações atuais e o futuro, além da própria evolução tecnológica, é a sua abrangência. Atualmente, no Brasil, temos em média, uma sala de aula equipada com computadores e Internet para cada 1000 salas comuns, com carteiras, giz e lousa. Se focarmos apenas o ensino de graduação e pós-graduação esse número aumenta para a relação de 1/300 em média, enquanto nos países de primeiro mundo, esses números variam entre 1/50 e 1/80. No futuro, imagina-se que a relação irá se inverter, ou seja, a maior parte das salas de aula serão equipadas com computadores e Internet, enquanto as salas comuns serão minoria, embora ainda úteis, pois por mais avançada que seja a tecnologia, sempre haverá situações em que o ensino tradicional será utilizado – como numa aula onde o professor pede aos alunos para formarem um circulo com suas carteiras a fim de debater um determinado assunto. Assim como toda tecnologia que surge em substituição a outra, diz-se que a tecnologia anterior sucumbe frente à inovação, mas na prática isso nunca acontece: as novas tecnologias sempre surgem agregando valor às suas antecessoras. Do mesmo modo, a sala de aula do futuro não acabará com as técnicas de ensino que conhecemos hoje, mas possibilitará um ensino com uma qualidade e disseminação muito maior. A sala de aula do futuro A sala de aula do futuro será um local onde alunos e professores poderão contar com um imenso aparato tecnológico que irá facilitar muito a comunicação e interação no seu relacionamento. A sala de aula será totalmente informatizada, alunos e professores terão um microcomputador cada, equipados com monitor touch-screen (que poderá se alternar entre as posições horizontal e vertical), caneta ótica, câmera embutida, além de mouse e teclado. A sala do futuro, como hoje em dia, terá os mais diversos periféricos imagináveis, tais como scanners, projetores 3D, impressoras etc, além de outros equipamentos inimagináveis ao nosso cenário tecnológico atual. A sala também contará com uma lousa digital, que estará ligada aos computadores do professor e dos alunos – o professor terá pleno controle sobre a lousa e os computadores dos alunos, de modo que nenhum aluno poderá interferir nas informações dispostas na lousa digital a não ser mediante a permissão do professor. Essa lousa digital, assim como todos os computadores da sala, terá conexão de banda larga com a Internet. Ela possuirá uma câmera própria, que poderá focalizar toda a classe. Essa lousa terá a capacidade de exibir imagens em alta resolução e qualquer informação que esteja disponível no micro do professor (e dos alunos também), poderá se escrever na lousa através do computador ou mesmo utilizando-se de uma caneta ótica (o giz do futuro), colocando ou acrescentando comentários diretamente sobre a tela da lousa. O que fará todos esses equipamentos serem realmente eficazes, será um conjunto de poderosos softwares, imensos bancos de dados, diversos sistemas de pesquisas com filtros inteligentes e uma excelente conexão com a Internet - o principal meio de comunicação do futuro - que fornecerá arquivos de texto, programação televisiva, filmes digitais e será o principal vetor da revolução na didática utilizada pelo professor na sala de aula e na maneira como os alunos irão aprender. A aula na sala de aula do futuro A primeira grande facilidade que a sala de aula
do futuro trará será no transporte das informações
que irão compor a aula, tanto por parte do professor, quanto dos
alunos. O professor poderá preparar uma aula em sua casa e acessar
o arquivo dessa aula através da Internet, que o conectará
da sala de aula diretamente ao computador de sua casa mediante uma senha.
Tanto o professor quanto os alunos poderão acessar seu material
de aula armazenado em computadores remotos aos quais tenham acesso ou
poderão carregar tais informações em seus palms,
que serão facilmente conectáveis aos computadores na sala
de aula. Não haverá mais necessidade de disquetes, CDs ou
fitas, toda informação poderá ser acessada via Internet
em um piscar de olhos, mas, se o professor precisar exibir um filme que
esteja gravado em uma fita VHS, por exemplo, ele o fará facilmente,
bastando conectar um videocassete a um terminal onde ele tenha acesso
via Internet, seja em casa, na instituição de ensino ou
mesmo na casa de um amigo. Conclusão A sala de aula do futuro será um local que terá todos os aparatos possíveis para facilitar a didática do professor e o aprendizado do aluno. O papel do professor, cada vez mais, deixará de ser o de detentor e disseminador do conhecimento, para ser o de transmissor e facilitador do acesso ao conhecimento, o aluno por sua vez, terá que ser mais ativo na busca do conhecimento junto a seus colegas e professores. As barreiras geográficas e a amplitude do conhecimento se estenderão da sala de aula para horizontes nunca antes imaginados, atingindo os patamares para uma efetiva educação aberta e continuada. O limiar entre ensino presencial e ensino à distância será cada vez mais tênue. Didáticas de ensino e currículos acadêmicos terão que se moldar aos novos recursos, proporcionando cursos mais compatíveis com um mundo guiado pela tecnologia da informação, de constante mutação e contínua evolução. CAMUSSO,
Wilson Jr. Introdução á Informática.
1989.
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