Teleconferencias en Brasil: realizaciones y desafios(*)
Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto

1. Introdução

O ensino à distância é, cada vez mais, uma realidade no mundo moderno. O surgimento de novas tecnologias de telecomunicação e a crescente percepção da viabilidade do seu uso no processo educativo ampliam, em escala crescente, as possibilidades de se oferecerem variadas alternativas para aqueles que buscam essa modalidade de ensino.

Entretanto, o avanço tecnológico caminha sempre à frente do real atendimento das necessidades de educação e treinamento. Nossa experiência confirma que, ao menos em nossso país, há ainda um abismo muito grande entre as demandas a serem satisfeitas e a oferta de soluções, em geral ofuscada pela tentação de acreditar que estas estejam no aparato tecnológico

No presente artigo (ponência), analisamos o uso da teleconferência tradicional no Brasil, mostrando que, embora sendo uma tecnologia conhecida e utilizada há mais de três décadas, sua potencialidade como elemento de solução de grande parte do problema de disseminação do conhecimento no país permanece válida. Para tanto contribuem a imensa extensão territorial, as marcantes desigualdades regionais, as características de familiaridade com tecnologias modernas e, até mesmo aspectos culturais.

A base para a discussão que segue é alguma literatura existente no país e, primordialmente, a nossa experi~encia vivida desde abril de 1995, quando praticamente iniciamos o processo de implementação de projetos de educação à distância no âmbito da Universidade de São Paulo, certamente uma das mais importantes do país.

2. A importância da teleconferência

Por teleconferência tradicional entendemos o processo pelo qual vídeo e áudio são distribuidos a uma vasta região via satélite, sem canal de retorno. Interatividade com a fonte geradora pode ser promovida por outros meios, como telefone, fax ou Internet. Não deve ser confundida com a vídeo-conferência, em que som e imagem transitam em ambos os sentidos.

Embora desprovida do charme das tecnologias mais recentes, a teleconferência tradicional é muito vantajosa em países como o Brasil, muito extenso e com regiões menos desenvolvidas, pois atinge todo o território com custo fixo, é de fácil implementação e manuseio, exigindo apenas antena parabólica e receptor, podendo valer-se de um televisor usual, e requer pouca sofisticação.

Assim, grandes projetos de educação em massa se valeram, por exclusão, dessa tecnologia. Dentre esses, destacamos o projeto Telecurso 2000 [1], com o objetivo de oferecer ensino supletivo de primeiro e segundo graus. O projeto se valeu de canal de satélite da principal rede de televisão do país, em horários de baixa demanda. Material instrucional impresso em fascículos era disponível para venda em bancas de jornal em todo o país, a baixo custo.

O governo, por sua vez, oferece o programa TV Escola [2], que visa a melhoria da qualidade do ensino público através da formação continuada dos professores em todo o país. Uma revista bimensal é amplamente distribuída, embutindo a programação do período.

3. Experiência brasileiras

Nossa experiência se concentra em ciclos de teleconferências desenvolvidos com fins específicos, tendo participado, entre outros, dos seguintes projetos:

  •  Ciclo de teleconferências da San Diego State University: versando sobre assuntos atuais ligados à gestão empresarial, eram oferecidos cerca de 12 programas anuais, irradiados para toda a América Latina. O autor participou, de junho de 1995 a dezembro de 1997, período em que foram realizados 31 eventos, do projeto de formação da rede de pontos de recepção no Brasil, que chegou a centenas de tele-salas, em empresas, escolas e associações. Foi utilizada tradução simultânea em modo síncrono e legendas em modo assíncrono. Após cada evento, transmitia-se um debate nacional de 45 minutos, para as tele-salas localizadas no Brasil.

  •  Engenheiro 2001: dois ciclos de eventos, em 1996-1997, com 13 eventos, e em 1999, com 5 eventos, com financiamento governamental, visando discutir a problemática do ensino de Engenharia e da profissão do engenheiro. O público alvo foi o conjunto das escolas de Engenharia do país, tendo chegado a um pico de 94 tele-salas em operação. Um site de apoio foi desenvolvido [3] e um revista alusiva ao projeto [4] teve dois números editados, com tiragem de 20.000 exemplares.

  •  Projeto E - Educação para o Emprego e o Empreendedorismo: 4 teleconferências, realizadas em 1999, com duração de 3 horas cada, configurando um curso de Empreendedorismo com ênfase na elaboração do plano de negócio, voltado para o público-alvo dos estudantes de Engenharia de todo o Brasil. Foi desenvolvido também um site de apoio [5].

  •  1º Ciclo de Teleconferências em Segurança e Saúde no Trabalho: realizado em 2001 para o principal organismo brasileiro de pesquisa e estudo da questão, contou com 10 teleconferências dirigidas às sedes do órgão em 14 cidades do país. Outras tele-salas se agregaram à rede, chegando-se a mais de 40 pontos remotos. Está disponível o site do projeto [6] e sua descrição em trabalho apresentado em congresso [7]. Em 2002, deverá ser realizado o 2º ciclo, com 6 eventos, além de 72 horas de cursos à distância usando as tele-salas instaladas para o projeto.

Os quatro ciclos de teleconferências mencionados tiveram participação ativa do autor. Em todos os ciclos citados, cerca da terça parte do tempo era dedicada a debate com o público remoto, sendo a interação realizada, quase sempre, por fax. Outras iniciativas semelhantes têm ocorrido no país, das quais citamos:

  •  Engenheiro Empreendedor: ciclo de 6 teleconferências, realizadas em 1999 pela Universidade Federal de Santa Catarina, com público-alvo e escopo semelhantes ao Projeto E;

  •  Teleconferências do Ministério do Trabalho e Emprego: série de teleconferências iniciada em 2000 atingindo 67 tele-salas no âmbito do Ministério, visando treinar funcionários e fiscais em técnicas administrativas e de fiscalização, tendo sido realizados, até 18/04/2002, 11 eventos;

  •  Teleconferências da Secretária da Educação do Estado de São Paulo: série de teleconferências promovidas com a finalidade de aprimorar o desempenho pedagógico de professores da rede pública do Estado, tendo sido realizados, até abril de 2002, cerca de 15 eventos.

4. Vantagens e dificuldades

Dentre as principais vantagens da teleconferência como meio de comunicação com um público-alvo específico, citamos:

  •  A possibilidade de atingir uma rede de pontos ilimitadamente grande, com custo fixo dos programas;
  •  A simplicidades e baixo custo de instalação das tele-salas;
  •  A relativa facilidade de elaboração da programação;
  •  A facilidade para o público, por não exigir nenhuma habilidade específica.

Citamos como dificuldades para organizar, com sucesso, um ciclo de teleconferências:

  •  A existência de muitos pontos remotos, dificultando a coordenação. É importante estabelecer um canal de comunicação eficaz com otodos os pontos da rede;

  •  A necessidade de conseguir o comprometimento dos responsáveis pelos pontos remotos, garantindo boa divulgação e presença de público;

  •  A manutenção do alto nível dos programas, para manter o público cativo com o tempo;

  •  Estabelecer o formato do evento em compatibilidade com as características do público, para maior atratividade dos programas.

Deve-se frizar, também, que não encaramos a teleconferência tradicional como uma ferramenta de educação à distância, mas sim como um meio de se promover o debate de idéias em ampla escala. Entretanto, acreditamos na teleconferência para se promover educação à distância num país como o Brasil se à transmissão satelital foi incorporado um grau de interatividade suficiente para que os programas se convertam em "aulas virtuas", com o professor, embora sem vê-los, interagindo fortemente com os alunos remotos mediante elementos de hardware e software apropriados, em um processo que denominanos teleconferência interativa. Uma comparação entre esse processo, a Internet e a videoconferência, quando usados em educação à distância, é feita em [8].

Infelizmente, temos constatado que o preço das licenças de uso dos dispositivos para tal, encontrados no mercado internacional, são em geral demasiado elevados.

5. Conclusões

Colocamos neste artigo um pouco da nossa experiência acumulada trabalhando com ciclos de teleconferências no Brasil. Acreditamos que, para os interessados em conhecer melhor essa questão, as referências citadas poderão ser úteis. Pessoalmente, ficamos à disposição para contato pelo e-mail politeleia@uol.com.br

Vimos que a teleconferência tradicional, que está migrando do sinal analógico para o sinal digital e que tem se beneficiado do barateamento dos custos de satélite, é ainda um instrumento útil para transmissões à distância, mormente em países muito extensos e populosos.

Para ser útil em educação e treinamento à distância, a teleconferência deve ser suficientemente interativa. Este é o desafio presentemente em pauta no Brasil, ao qual estamos buscando dar nossa contribuição, atuando na entidade mencionada em [9].

6. Referências

[1] www.telecurso2000.org.br

[2] www.mec.gov.br/seed/tvescola

[3] ww.engenheiro2001.org.br

[4] Fundação Carlos Alberto Vanzolini - Engenheiro 2001 - nºs 1 e 2 - São Paulo, 1996, 1997

5] www.projetoe.org.br

[6] www.fundacentro.gov.br/ecsst

[7] Costa Neto, P.L.O. - 1º Ciclo de Teleconferências em Segurança e Saúde no Trabalho - ASSIBEI 2001 - III Encontro Ibero-Americano de Dirigentes de Escolas de Engenharia - Rio de Janeiro, 2001

[8] Rocha, A.A. e Costa Neto, P.L.O. - Educação Continuada e à Distância em Engenharia - Revista ABENGE, vol. 20, nº 1, agosto 2001

[9] www.ciev.com.br

(*) Trabalho apresentado no Congresso Virtual Educa 2002, Valencia, Espanha

 

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