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Hoje
tem Goiabada? |
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Cada
vez que na rua me vejo abordado
por um desempregado, mendigo ou menor,
penso em Fernando Henrique e o tom despreocupado
com que deixa o Brasil passar de mal a pior...
Comete
o presidente o nefando pecado
da omissão contumaz à crise ao seu redor
- governa qual se aqui fosse um reino encantado,
porém cujas mazelas sabemos de cor...
E,
reeleito que foi iludindo os incautos,
cometendo destarte formidável dolo,
faz como se estivesse desse crime isento
- porém, do tempo
há o tribunal, que o tem nos autos,
e nos resta a certeza, a servir de consolo:
não tem como fugir da História ao julgamento...
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De Rubens Peres,
José Francis e outrs mais
que já partiram e eram grandes corinthianos,
a memória me vem, passados tantos anos,
e retorna-me à mente em tons emocionais...
Esses caros amigos,
todos figadais,
presas do fanatismo, tantos desenganos
sofreram nos maus tempos em que nossos planos
amiúde se frustavam diante dos rivais...
ah, se ora aqui
estivessem, as velhas tristezas
seriam dissipadas como por encoanto
pelo novo Corinthians com suas proezas,
que testemunhariam
com fervor profundo,
ardendo em emoção, não sufocando o pranto:
bicampeão do Brasil e, após, campeão do mundo!
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Para a eleição que
vem, segue na ponta,
em todas as pesquisas feitas, Marta,
mas a velha raposa não se aparta
da idéia de lançar-se, em nova afronta,
ele que peculatos
já, sem conta,
nesta terra onde a pena se descarta,
tem praticado, enriquecendo à farta,
alçando o seu pecúlio a grande monta...
O animam proverbiais
vinte por cento
de cidadãos que seguem com o intento
de ter em sua eleição a causa-mater!
Como entender? Salvo
exceções, só vejo
explicação naqueles que, sem pejo,
Vêem nele identidade de caráter...
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Lembro,
em dos Anjos, os iconoclastas
da sua amarga, clássica poesia...(*1)
Bons tempos, esses... Ora, mais nefastas
figuras nos complicam o dia-a-dia...
Hoje a política
se faz em hastas
em que o social não se privilegia...
Executivos levam, em sua pastas,
a sentença de morte à maioria...
São os tempos modernos,
é o mercado,
é o neocapitalismo, que nos lança
num mundo de incertezas, complicado,
muito outorgando
a poucos e, aos demais,
um enorme vazio de esperança,
que já não há nem mais nas catedrais...
(*1)
- O Sonteto "Vandalismo", de Augusto dos Anjos.
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No
interior, quando o circo chegava à cidade,
acontecia verdadeira procissão:
o comboio circense passava, à vontade,
enchendo a garotada de grande emoção...
Todo mundo assistia,
do prefeito ao frade,
lá estavam os artistas, os bichos, o leão,
mas eram os palhaços - lembro com saudade -
que mais levavam alegria à multidão...
Hoje há circos modernos,
muito diferentes,
com os artistas dentro e os palhaços por fora,
que a alguns poucos evocam lembranças nas mentes
do canto dos que tinham
a cara pintada,
com clássico refrão, que segue atual agora:
"Hoje tem goiabada? Hoje tem marmelada?"...
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