Sentimo-nos preocupados quando vemos certos temas aparecerem com muita
freqüência no jargão popular, onde a precisão dos conceitos nem sempre
é levada em conta. Foi o que aconteceu com a Administração por Objetivos,
com a Reegenharia, no campo empresarial; foi o que aconteceu também com
a teleducação e com o TWI, na área de educação, para citar apenas dois
conceitos.
Com a Educação a Distância, embora sua origem a nível universal de há
muito tempo, poderá ocorrer um certo desgaste, se a ela não for dado um
conceito preciso, objetivo e atualizado.
Sabemos que, no Brasil, a sua institucionalização, isto é, a sua implantação,
como decorrência da vontade de nossos homens públicos, graças à edição
de lei e portarias que a regulamentem é recentíssima. A última regulamentadora
- Portaria MEC nº 301, datada de 07 de abril de 1998, dispõe sobre "os
procedimentos de credenciamento de instituições para oferta de cursos
de graduação e educação profissional tecnológica a distância."
Daí resulta a fonte de nossa preocupação, pois se medidas adequadas e
oportunas não forem tomadas, quer pelas autoridades públicas educacionais,
quer pelas instituições ligadas a educação, não tardaremos a presenciar
a derrocada de uma modalidade de ensino/aprendizagem que tem tudo para
dar certo neste começo de milênio, quando pontifica a revolução da informação
através da Telemática.
A Educação a Distância, nos países em que já se acha implantada, não
surgiu por acaso, mas sim por necessidades bem identificadas, como as
decorrentes do início do século XX, até a Segunda Guerra Mundial (capacitação
rápida de recrutas norte - americanos, desenvolvimento de capacidades
laborais de imigrantes etc.) e as decorrentes de países com grandes áreas
geográficas e de elevada densidade demográfica.
No Brasil, também é preciso lembrar que a Educação a Distância - EAD,
em moldes mais científicos, não está surgindo ou ressurgindo por acaso.
Ela aparece no momento em que grandes transformações sociais, econômicas
e políticas acontecem, influenciando de modo muito forte o nosso sistema
educacional.
Além desses aspectos, que por si sós justificam a EAD entre nós, ressalta-se
a dívida que temos para com as gerações passadas e atuais no sentido de
proporcionar, de maneira generalizada, condições para que obtenham, através
da Educação, melhores oportunidades como cidadãos e como profissionais.
Outros aspectos que merecem ser lembradas são aqueles que se relacionam
com a dispersão de nossa população, distribuídas em regiões distantes
e de difícil acesso. Somos cento e sessenta milhões de brasileiros, distribuídos
por uma área territorial de 18 milhões de km².
A formatação do sistema educacional brasileiro não tem a agilidade e
a flexibilidade necessárias para dar atendimento instantâneo às contínuas
demandas educacionais de uma sociedade cambiante e em processo de desenvolvimento
acelerado.
A reciclagem dos professores, hoje uma necessidade imperiosa, tem mais
chances de ser atendida através da modalidade de Educação a Distância,
que pode ser ministrada no próprio local de trabalho, através de multimeios
adaptados a cada situação específica.
Como vem acontecendo em mais de oitenta países de todos os continentes,
e não só por isso, o Brasil também precisa estar imerso nesse contexto
da valorização da EAD, mesmo porque está envolvido no mundo globalizado,
onde a revolução da informação já começou e não tem prazo para terminar.
Por isso e por muitos outros motivos, que é desnecessário citar a implantação
dessa nova modalidade de educação passa a requerer cuidados especiais,
como os listados a seguir:
-
Adoção de um conceito de EAD que a coloque como uma modalidade de
educação onde a interatividade aluno/professor esteja presente e na
qual o sistema ensino/aprendizagem em nada perca para a educação presencial.
-
Os multimeios hoje disponíveis (impressos, simuladores on line, redes
de computadores, vídeo conferência, Internet etc.) não são os da década
passada e poderão não ser os da próxima. Urge que os utilizemos tempestivamente.
-
O número de pessoas envolvidas com a Tecnologia Educacional com vistas
a EAD é grande, com tendência a crescer mais e mais, aumentando o
número de "experts" no assunto, todos prontos a darem suas contribuições.
-
Os profissionais afetos às áreas de Tecnologia Educacional e EAD
não aceitam que esses assuntos sejam tratados com superficialidade,
principalmente quando são autoridades governamentais que assim os
tratam.
-
A influência de outros países em nosso meio, em função ou não da
globalização, torna-se cada vez maior (seminários e congressos internacionais,
acesso imediato à informação proveniente de outros países, facilidade
de viagens e intercâmbios), o que apressa-nos a escolher nossos próprios
caminhos.
Com o propósito de darmos a nossa contribuição, começando pelo item 1
acima, conceituamos EAD como "um sistema educativo organizado para um
público específico, com dupla mão de direção - professor/aluno - envolvendo
um processo continuado e acompanhado de ensino/aprendizagem. Os multimeios
são mobilizados para fins de comunicação, sem prejuízo da participação
presencial dos estudantes através de encontros com propósitos didáticos
e sociais, nos quais é valorizada a experiência de cada um".
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