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Por que EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA?
Carlos Rolim Affonso*1

Sentimo-nos preocupados quando vemos certos temas aparecerem com muita freqüência no jargão popular, onde a precisão dos conceitos nem sempre é levada em conta. Foi o que aconteceu com a Administração por Objetivos, com a Reegenharia, no campo empresarial; foi o que aconteceu também com a teleducação e com o TWI, na área de educação, para citar apenas dois conceitos.

Com a Educação a Distância, embora sua origem a nível universal de há muito tempo, poderá ocorrer um certo desgaste, se a ela não for dado um conceito preciso, objetivo e atualizado.

Sabemos que, no Brasil, a sua institucionalização, isto é, a sua implantação, como decorrência da vontade de nossos homens públicos, graças à edição de lei e portarias que a regulamentem é recentíssima. A última regulamentadora - Portaria MEC nº 301, datada de 07 de abril de 1998, dispõe sobre "os procedimentos de credenciamento de instituições para oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distância."

Daí resulta a fonte de nossa preocupação, pois se medidas adequadas e oportunas não forem tomadas, quer pelas autoridades públicas educacionais, quer pelas instituições ligadas a educação, não tardaremos a presenciar a derrocada de uma modalidade de ensino/aprendizagem que tem tudo para dar certo neste começo de milênio, quando pontifica a revolução da informação através da Telemática.

A Educação a Distância, nos países em que já se acha implantada, não surgiu por acaso, mas sim por necessidades bem identificadas, como as decorrentes do início do século XX, até a Segunda Guerra Mundial (capacitação rápida de recrutas norte - americanos, desenvolvimento de capacidades laborais de imigrantes etc.) e as decorrentes de países com grandes áreas geográficas e de elevada densidade demográfica.

No Brasil, também é preciso lembrar que a Educação a Distância - EAD, em moldes mais científicos, não está surgindo ou ressurgindo por acaso. Ela aparece no momento em que grandes transformações sociais, econômicas e políticas acontecem, influenciando de modo muito forte o nosso sistema educacional.

Além desses aspectos, que por si sós justificam a EAD entre nós, ressalta-se a dívida que temos para com as gerações passadas e atuais no sentido de proporcionar, de maneira generalizada, condições para que obtenham, através da Educação, melhores oportunidades como cidadãos e como profissionais.

Outros aspectos que merecem ser lembradas são aqueles que se relacionam com a dispersão de nossa população, distribuídas em regiões distantes e de difícil acesso. Somos cento e sessenta milhões de brasileiros, distribuídos por uma área territorial de 18 milhões de km².

A formatação do sistema educacional brasileiro não tem a agilidade e a flexibilidade necessárias para dar atendimento instantâneo às contínuas demandas educacionais de uma sociedade cambiante e em processo de desenvolvimento acelerado.

A reciclagem dos professores, hoje uma necessidade imperiosa, tem mais chances de ser atendida através da modalidade de Educação a Distância, que pode ser ministrada no próprio local de trabalho, através de multimeios adaptados a cada situação específica.

Como vem acontecendo em mais de oitenta países de todos os continentes, e não só por isso, o Brasil também precisa estar imerso nesse contexto da valorização da EAD, mesmo porque está envolvido no mundo globalizado, onde a revolução da informação já começou e não tem prazo para terminar.

Por isso e por muitos outros motivos, que é desnecessário citar a implantação dessa nova modalidade de educação passa a requerer cuidados especiais, como os listados a seguir:

  1. Adoção de um conceito de EAD que a coloque como uma modalidade de educação onde a interatividade aluno/professor esteja presente e na qual o sistema ensino/aprendizagem em nada perca para a educação presencial.

  2. Os multimeios hoje disponíveis (impressos, simuladores on line, redes de computadores, vídeo conferência, Internet etc.) não são os da década passada e poderão não ser os da próxima. Urge que os utilizemos tempestivamente.

  3. O número de pessoas envolvidas com a Tecnologia Educacional com vistas a EAD é grande, com tendência a crescer mais e mais, aumentando o número de "experts" no assunto, todos prontos a darem suas contribuições.

  4. Os profissionais afetos às áreas de Tecnologia Educacional e EAD não aceitam que esses assuntos sejam tratados com superficialidade, principalmente quando são autoridades governamentais que assim os tratam.

  5. A influência de outros países em nosso meio, em função ou não da globalização, torna-se cada vez maior (seminários e congressos internacionais, acesso imediato à informação proveniente de outros países, facilidade de viagens e intercâmbios), o que apressa-nos a escolher nossos próprios caminhos.

Com o propósito de darmos a nossa contribuição, começando pelo item 1 acima, conceituamos EAD como "um sistema educativo organizado para um público específico, com dupla mão de direção - professor/aluno - envolvendo um processo continuado e acompanhado de ensino/aprendizagem. Os multimeios são mobilizados para fins de comunicação, sem prejuízo da participação presencial dos estudantes através de encontros com propósitos didáticos e sociais, nos quais é valorizada a experiência de cada um".

 

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