Profissional determina comunicação
integrada de empresas e atua no gerenciamento de crises
[Folha de São Paulo, 12/09/2004 - São
Paulo SP] Da Reportagem Local
Ser extrovertido e adorar fazer festas não são
as características fundamentais que o vestibulando
precisa ter para cursar relações públicas,
diferentemente do que se pensa. Mesmo que o profissional
tenha de organizar eventos depois de ingressar no mercado
de trabalho, eles serão sempre relacionados a
aspectos mais amplos da comunicação das
empresas, o grande alvo da carreira. A executiva de
atendimento da agência de relações
públicas LVBA Flávia Regina Valsani, 26,
por exemplo, teve de organizar recentemente uma festa
para um cliente -uma empresa de imagem e de material
fotográfico. Ela, entretanto, não foi
a responsável por conseguir as mesas ou contratar
os garçons, o que é terceirizado, mas
teve de pensar no "conceito" do evento de
acordo com a imagem que pretendia passar. "A empresa
tinha patrocinado a restauração do acervo
de um fotógrafo importante e tinha feito um livro.
Aproveitamos a sua festa anual para posicioná-la
como apoiadora da cultura. Então criamos um conceito
para o evento, e tudo -dos convites aos garçons-
tinha a idéia de "recuperar o passado com
a tecnologia do futuro". O evento tem de ter uma
função, não é a festa pela
festa. É uma ferramenta para trabalhar o posicionamento
da empresa." O próprio patrocínio
pode ser definido pelo profissional de relações
públicas, tendo em vista a estratégia
de comunicação adotada. Uma empresa tem
de se comunicar com seus diversos públicos -os
funcionários, os acionistas, a comunidade ao
redor de sua fábrica, o Estado, a imprensa e
o restante da sociedade. Como conseguir manter um relacionamento
positivo com todos e integrando diversas ferramentas
de comunicação é a função
do profissional de relações públicas.
"Quando uma empresa instala uma fábrica
em uma região, ela tem de se integrar com os
moradores. Nós, então, promovemos algumas
ações, como visitações."
Uma das ferramentas mais comuns da relações
públicas, segundo ela, é a assessoria
de imprensa, que é a intermediação
entre as empresas e os meios de comunicação.
"Antes, o mais comum era o trabalho de assessoria
de imprensa, mas agora as empresas estão se conscientizando
da importância de um trabalho mais amplo de comunicação",
disse Flávia. Essa antiga ênfase na assessoria
foi responsável, segundo ela, pelo seu primeiro
baque na profissão. "A gente vê na
faculdade grandes projetos integrados, a importância
do planejamento estratégico, mas acabava fazendo
apenas assessoria de imprensa. Agora está melhorando,
mas o dia-a-dia não é só estratégico,
tem coisas mais simples também." O primeiro
trabalho que o estagiário faz em uma agência
de relações públicas, geralmente,
é o chamado clipping, que é o acompanhamento
das notícias veiculadas pela imprensa. "Para
ganhar experiência, é muito importante
entender como funcionam os veículos", afirma.
Um dos trabalhos mais importantes sob responsabilidade
do relações-públicas é o
gerenciamento de crise, em que é montada uma
estrutura para atender os casos de emergência.
Além disso, são feitos treinamentos em
que são testadas as reações das
pessoas envolvidas. Para isso é feita uma simulação,
por exemplo, de um vazamento de produto químico,
em que a empresa, além das providências
de segurança, tem de dar informações
para a imprensa, para o governo, para ambientalistas
e outros interessados. "Nessa situações,
de forma nenhuma pode-se mentir. Temos de dar as informações
certas e de forma clara para evitar mal-entendidos.
É algo difícil de coordenar, e treinamos
com uma espécie de teatro", disse ela.
(AN)
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