NOTÍCIA

 

Gustavo Borges fala sobre esporte, mídia e publicidade

Por Fernanda Prado
(repórter e nadadora do Esporte Clube Pinheiros)

Grande atleta e nadador com inúmeras vitórias registradas em jornais e revistas de todo mundo, Gustavo Borges é, juntamente com o velejador Torben Grael, o esportista brasileiro mais premiado em Olimpíadas, com um total de quatro medalhas.
É, também, campeão e recordista brasileiro em sua especialidade e o atleta com o maior número de medalha em jogos Pan-americanos, nos quais conquistou, ao todo, quinze medalhas.
A falta de apoio aos esportes, exceto ao futebol que é o "orgulho nacional", faz com que a carreira esportiva, por mais vitoriosa que seja, não tenha a duração que tem nos países que incentivam outras modalidades esportivas.

Gustavo Borges preparando-se para nadar durante o Campeonato Paulista de Verão de 2002, realizado em Ribeirão Preto, entre os dias 28 de novembro a 1º de dezembro
Sem patrocínio e dinheiro suficientes, o atleta se vê obrigado a realizar trabalhos paralelos ao esporte para garantir subsistência digna.
Escrever livros, dar palestras ou até mesmo participar de campanhas publicitárias são algumas das alternativas encontradas para sustentar a carreira do esportista profissional no Brasil. Buscando garantir essa sobrevivência e sem contar com o auxílio governamental, muitos atletas de altíssimo nível são chamados a fazer comerciais de produtos os mais diversos.
Gustavo se diverte durante as gravações
O próprio Gustavo Borges, é um exemplo disso: ele participou dos três comerciais para um produto lácteo, conhecido como creme de chocolate Danete, produzido pela multinacional Danone. No primeiro, ele canta uma música destacando o nome do produto e se divertindo em um cenário que reproduz sua casa. Como o comercial trouxe bons resultados, foi feita uma seqüência daquela campanha, que além dele conta com outros atletas nadadores. Soube-se que a criação original não foi brasileira, tendo sido, a veiculação, produzida, anteriormente, em diferentes países. Gustavo Borges fala da relação entre esporte e publicidade na entrevista ao site da UniFIAM.
Foto tirada durante a gravação do primeiro comercial

PRIMEIRO MOMENTO: Como surgiu a proposta para o comercial do Danete?
GUSTAVO BORGES: A agência da Danone entrou em contato com meu pai, que é empresário, me contratou para o comercial.

PM: E como foram as filmagens? Onde foi filmado o primeiro comercial? Foi na sua casa? E os outros? Quais as maiores dificuldades encontradas, ante a diferença entre sua atividade esportiva e essa espécie de trabalho? Foi fácil cantar o tema da campanha?
Borges: A música foi bem fácil de acertar, por que não teve jeito. O que saiu da primeira vez não tinha como melhorar. A idéia principal do comercial era exibir um comportamento bem solto, relaxado, como se eu realmente estivesse em casa. Filmamos o primeiro comercial em uma casa no bairro de Pinheiros, o segundo foi no Colégio Objetivo, unidade de Alphaville, na Grande São Paulo, tendo o último sido gravado no Parque da Água Branca. Todas as filmagens demoraram bastante, de 10 a 12 horas cada uma. As maiores dificuldades foram a demora e ficar repetindo as cenas.

PM: Em qual dos comerciais foi mais fácil atuar? No primeiro, em que você estava sendo filmado sozinho, ou nos demais, em que participaram outros colegas nadadores?
Borges: Na verdade, para mim, não teve diferença, pois sempre teve muita gente envolvida na filmagem. Mesmo quando fui filmado sozinho...

PM: Quanto tempo foi despendido nessas tomadas de imagens? Qual sua opinião a respeito dos resultados? Foram bons? Qual é a sensação de poder se ver pela televisão?
Borges: Gostei dos três comerciais, foram diferentes um do outro, tendo sempre o produto em comum. Pessoalmente, gostei de assistir ao comercial na televisão. Gostei também do fato de ser reconhecido por mais esse motivo...

PM: Você pretende continuar a realizar trabalhos na televisão? Por quê?
Borges: Além, é claro, do fator financeiro, é muito gratificante estar, quer dizer, aparecer, na televisão. Se for convidado a realizar outro trabalho como este, com certeza eu continuo.

PM: Para finalizar, o que você acha da cobertura da mídia quanto aos esportes menos divulgados, como a natação?
Borges: Eu considero que a cobertura da mídia em relação à natação já foi melhor e, hoje em dia, a natação fica com apenas um espaço reduzido nas coberturas esportivas. Mas, com os jogos Pan-Americanos e com as Olimpíadas, o espaço aumenta e a qualidade das informações melhora.