Doutor
em esporte
Paulo
Vinicius Coelho tem 33 anos, e trabalha com o jornalismo desde os
18 anos, quando publicou sua primeira matéria em um jornal do ABC
Paulista que circulava aos sábados. Ele se formou na Universidade
Metodista em São Bernardo. Escreveu matérias para a revista Placar,
hoje é comentarista de programas esportivo, do canal pago ESPN-Brasil,
e escreve uma coluna diária para o jornal Lance! - a Prancheta do
PVC.
PM:
Como
foi o seu começo?
PVC:
Meu primeiro emprego como jornalista foi em um jornal de bairro,
que circulava aos sábados, em São Bernardo. Foi ali que publiquei
minha primeira matéria como jornalista, essa matéria trava sobre
os alfaiates. Me lembro até do dia em que
ela foi publicada, no dia 13 de Setembro de 1987. Nesse mesmo ano
publiquei mais três matérias nesse jornal que se chamava Diálogo.
Logo depois arrumei um free-lancer no jornal de São Bernardo e publiquei mais cinco
matérias.
PM:
Mas essas outras matérias eram sobre esporte?
PVC:
Não, nesse começo publiquei matérias diversas, desde problemas
na Sabesp, Correios, até uma matéria sobre uma tribo indígena. Mas
esses trabalhos eram esporádicos. Meu primeiro emprego fixo foi
na Gazeta de São Bernardo,
onde ganhava um salário mínimo, mas não trabalhava
com esporte, e sim com tudo, já que era o único repórter desse jornal.
PM:
Quando você entrou na faculdade você já tinha a intenção de trabalhar
com esporte?
PVC:
Minha real intenção quando entrei na faculdade era trabalhar com
esporte, sabia que poderia não conseguir, mas pretendia trabalhar
com isto já que era fanático por esportes, desde criancinha. Me
lembro até que eu brigava com meu irmão, já que ele queria
assistir desenhos e eu os programas esportivos. Pricipalmente um que passava na Cultura, chamado de Hora do
Esporte.
PM:
Quando você afirmou com convicção, “vou virar jornalista”?
PVC:
Quando tinha 14 anos, eu queria ser jornalista, porém muitos me
diziam que para ser um jornalista era preciso ser expansivo e bastante
comunicativo, e eu era bastante tímido. Até os 17 anos essa duvida
perdurou em minha mente, até o dia da decisão de terceiro lugar
da Copa de 1986, dia 28 de junho de 1986, entre França e Bélgica.
Neste dia eu “bati o martelo” e disse a mim mesmo: “vou ser um jornalista”.
PM:
E como é trabalhar ao lado de uma mulher como a Soninha, rola algum tipo de preconceito?(Paulo Vinicius Coelho
participa do Bate-Bola, programa que Soninha
apresenta de segunda a sexta, as 18h00, na ESPN Brasil).
PVC:
Acho que as vezes até rola, pelo fato de ser uma mulher. Mas a Soninha
não é a primeira mulher nem será a ultima a trabalhar com esporte.
Além disso, ela é extremamente competente e com isso ela supera
esse “machismo” que existe no esporte.
PM:
Você é conhecido por ser um louco por futebol, devido ao seu conhecimento
de fatos históricos e táticos. Como você começou com essa “tara”?
PVC:
Se eu decidi fazer jornalista com 14 anos, era porque eu era
um tarado por futebol, eu era esse moleque tarado, ajudado porque
eu tenho uma boa memória. Toda criança quando tem seus 10 anos lê
suas revistas de quadrinhos, eu lia a revista Placar, e lia tudo
sobre esporte. Creio que isto me ajudou a lembrar de muitas coisas.
PM:
Qual o programa que você mais gosta de participar?
PVC:
Eu gosto de apresentar todos...
PM:
Mas dá para notar que você tem um carinho especial pelo “Loucos
por futebol”...
PVC:
Eu gosto de participar do “Loucos por futebol” mas, ao
mesmo tempo, se eu participasse somente do “Loucos”, eu não ia gostar,
já que gosto de participar de todos os progaramas.
Recentemente, eu participei das transmissões dos jogos da Copa dos
Campeões da UEFA e do Campeonato Paulista da série A-2, mas creio
que o programa surgiu inspirado em mim.
PM:
Apresentar um programa ao vivo é muito diferente de apresentar um
programa gravado, existe uma preparação especial quanto a isso?
PVC:
Existe uma preparação diferente. Porém, nos programas diários tipo “Bate-Bola”,
é mais uma lição de casa, onde você tem que ler os jornais e buscar
estar informado com os acontecimentos. Agora nas transmissões é
necessário uma melhor preparação, já que
é preciso que você acompanhe os clubes envolvidos. Mas minha rotina
consome mais outras coisas, já que faço a pauta dos repórteres.
PM: No Diário Lance! Você tem uma coluna chamada
de “A Prancheta do PVC” Como que surgiu essa idéia, foi sua ou dos
diretores do jornal?
PVC: Foi do Marcelo Damato(diretor do jornal), mas
como no Loucos, a inspiração fui eu. Mas não foi uma idéia minha,
como foi na minha primeira passagem pelo Lance!,onde
eu tinha uma coluna sobre futebol internacional. O engraçado foi
que a idéia surgiu numa conversa de boteco, quando que eu peguei
um guardanapo e rabisquei dizendo, olha esse time joga assim, e
este outro joga dessa maneira. Foi daí que o Marcelo Damato
teve a idéia de fazer uma coluna.
PM:
Como é seu dia, qual o horário que você chega na ESPN?
PVC:
Chego as 7h, participo da pauta do “Sportcenter”, à tarde participo do
“Bate-Bola” e se tiver alguma transmissão eu fico até mais tarde.
Também faço minha coluna para o jornal “Lance”.
PM:
Mudando um pouco de assunto, todos sabemos que o futebol brasileiro
passa por grandes dificuldades financeiras, gostaria de saber se
existe alguma alternativa para esse problema?
PVC:
A gente nunca vai ter o nível administrativo do futebol de um país
de Primeiro Mundo. Faltam condições financeiras para investir no
bom jogador. O que se pode fazer, para não sujar o nome, é pagar
o que você pode para ajudar o jogador e não pagar o que você com
certeza não ira pagar.
PM:
Essa falta de organização faz com que o jogador acabe saindo
do país muito cedo?
PVC:
É um pouco disso, mas os brasileiros sempre terão mercado na Europa
e conseqüentemente acabarão saindo. Porém, os jogadores brasileiros
só deixarão de sair quando fecharem as fronteiras dos países (recentemente
a Itália limitou a um o número de estrangeiros que podem ser contratados
pelos times locais).
PM:
Normalmente, um jogador quando atua bem duas ou três partidas, logo
é “taxado” de craque. Será isso uma falta de ídolos?
PVC:
É um pouco por aí, o problema é que muitas vezes falta regularidade
ao jogador. Por exemplo, logo depois que o Pelé parou de jogar,
surgiu um jogador no Guarani, chamado Washington, que foi chamado
de sucessor do Pelé. Muitas vezes o jogador deixa o sucesso subir
na cabeça ou pode ser apenas estar passando por uma boa fase, nada
mais.
PM:
Nos próximos vinte anos alguma seleção poderá abalar a nossa hegemonia
no futebol?
PVC:
Pode.
A expressão “o melhor futebol do mundo” incomoda, porque a gente
vai do oito ao oitenta muito rápido. Nós
não produzimos jogador com tanta freqüência, justamente pela falta
de condições no nosso futebol.
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