Um apaixonado
pelo futebol
Júlio
César Castilho
O jornalista
Arnaldo Ribeiro é editor da revista Placar há três anos. Antes,
trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo e no caderno de esportes
da Folha de S. Paulo. Suas principais coberturas foram a Copa do
Mundo de 1998, pelo Estadão, e a Copa do Mundo de 2002 pela PLACAR.
Aos 31 anos , Ribeiro, é um apaixonado pelo futebol. Além de haver
dirigido sua carreira para cobrir a área, joga futebol soçaite às
segundas-feiras com amigos da redação de Placar e da Folha, depois
que saem do trabalho: entre 22h30 e 00h30. O jornalista falou sobre
a situação atual do futebol mundial e sobre a carreira ao repórter
Júlio César Castilho, do Boletim Primeiro Momento, por e-mail, na
entrevista a seguir.
Primeiro
Momento: O que você acha da atual situação do futebol mundial.
Por que atualmente não há grandes transferências como anos atrás?
Arnaldo Ribeiro: O que se observa, nos últimos dois anos
principalmente, é uma grave crise financeira assolando o futebol;
reflexo da própria situação mundial. O esporte atingiu no fim dos
anos 90 cifras altíssimas e não conseguiu se estabelecer neste patamar.
Aos poucos, as receitas estão diminuindo, principalmente por parte
da televisão. Arrecadando menos, os clubes passaram a rever os seus
investimentos. Isso explica a diminuição no número de grandes transferências.
E a perspectiva para os próximos anos não é das melhores
PM:
De onde o mercado europeu consegue recursos para contratações de
peso?
Ribeiro: O mercado europeu reflete a situação dos países
europeus. Ou seja: não dá para comparar com o Brasil. Os clubes
de lá têm diversas fontes de receita, enquanto o Brasil só tem uma:
a televisão. Os clubes brasileiros praticamente abdicaram da receita
de bilheteria, que é muito forte na Europa. Além disso, os clubes
europeus arrecadam uma barbaridade com produtos licenciados; o que
inexiste no Brasil, onde impera o mercado informal e a pirataria.
Assim, eles têm condições de tirar os melhores jogadores de qualquer
país sul-americano, por exemplo, sem dificuldade
PM:
Quais os clubes europeus com melhor infra-estrutura?
Ribeiro: Se você encarar infra-estrutura como "condições de
trabalho", quase todos os clubes de bom nível da Europa têm. Mas
top mesmo são: Juventus, Inter, Milan, Manchester United, Arsenal,
Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique
PM:
Como um jornalista cobre o mercado europeu?
Ribeiro: Muito pela internet. Mas o ideal é ter um intercâmbio
com colegas dos países-chave, como Espanha, Itália e Inglaterra.
Assim, você fica sabendo diariamente o que vem sendo notícias nesses
locais
PM:
Porque muitos bons jogadores brasileiros, não conseguem se firmar
no futebol europeu?
Ribeiro: Existe sempre um choque cultural, climático, futebolístico
etc. Sobrevivem mesmo aqueles que normalmente já têm um bom preparo
emocional. Por exemplo: como o França daria certo na Alemanha se
ele demorou mais de três anos para se adaptar ao São Paulo? O Kaká,
por sua vez, tem o perfil do jogador que dará certo lá fora
PM:
Você era a favor dos clubes-empresa?(como a parceria Palmeiras-Parmalat)
Ribeiro: Sim. O único porém naquele sistema é o fato de a empresa
precisar sempre lucrar, o que acarretava na negociação de jogadores
importantes e carismáticos do Palmeiras em momentos inoportunos.
O clube também cometeu a burrice de negar veementente o acesso da
Parmalat às categorias de base. Resultado: a empresa saiu e não
ficou semente alguma
PM:
Quais os clubes mais estruturados no brasil?
Ribeiro: Cruzeiro, São Paulo e Atlético-PR, principalmente.
Mas a diferença em relação aos demais diminuiu bastante
PM:
Qual o time do seu coração?
Ribeiro: São Paulo
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