TVs interativas tentam conquistar a Internet

GUILHERME CARAM

A webtv, ou a televisão feita para a Internet, ainda está procurando seu modelo. "As emissoras importaram o modelo convencional da televisão aberta para a internet", conta o criador da ALLTV, o jornalista Alberto Luchetti Neto.

"Com a chamada de VTs que, raramente, davam ao internauta a chance de participar da elaboração da notícia, o que se viu foi a produção de uma tevê que mais parecia uma revista de bordo", complementa, ao comparar o bom conteúdo da mídia com a inexpressiva resposta que se obtém.

Os três maiores provedores que montaram emissoras pela Internet (Terra, AOL e UOL) encontraram a mesma fórmula e fizeram grandes investimentos: estrelas globais (ou ex-globais) com conhecida credibilidade eram levadas para os portais para criar e desenvolver esse novo conceito. O Terra contratou Lílian Witte Fibe, enquanto a AOL foi atrás da jornalista Mona Dorf e o UOL buscou Paulo Henrique Amorim.

" A ALL TV rompeu com essa busca ávida por figurões globais", diz Kuchetti, ex-diretor do programa Domingão do Faustão. "Montamos uma tevê com gente jovem, inexperiente e que tinha como predileção aprender no ar, com o respaldo do internauta", conta.

Se o caminho está certo ou não, o tempo irá responder, mas o fato é que com todas as limitações, a ALLTV, que consumiu US$ 2 milhões de investimentos possui algo que as outras ainda não oferecem: programação ao vivo, o tempo todo, 24 horas por dia, 365 dias por ano. "Essa era outra característica a ser perseguida e valorizada do ponto de vista editorial: não dá para conceber uma mídia gravada para quem está on line", argumenta. A audiência da internet é totalmente diferente porque o receptor é, na verdade, alguém que busca entretenimento e informação, simultaneamente", esclarece.

Quem trabalha na ALTV parece ter assimilado o perfil que tem a marca de Luchetti. "A grande sacada da emissora é que se reuniu num único meio um pouco da plástica da televisão ainda com as limitações de streaming, o imediatismo do rádio e a interatividade que só a internet é capaz de oferecer", diz Wagner Belmonte, apresentador do Go Goal, o programa de esportes da emissora.

Wagner diz que "durante a última Copa, disputada no Japão e na Coréia, os brasileiros no Japão entravam na programação e protestavam pelo chat porque as emissoras japonesas não mostravam os jogos do Brasil na primeira fase, disputados na Coréia".

Surpresa maior foi ter recebido de um internauta do Japão uma fita de vídeo com a transmissão da TV daquele país da final disputada entre Brasil e Alemanha. Belmonte guarda a sete chaves o presente, com grande carinho e até satiriza. "É uma prova de como o mundo está cada vez mais sem fronteiras, já que muito possivelmente nunca vou conhecer o internauta que me surpreendeu com essa preciosidade histórica", diz.

 
   
   


 
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